quinta-feira, 28 de maio de 2015

ANO PASTORAL 2014 / 15

PLANO PASTORAL

Chamados a crescer na fé
 e 
na prática da caridade organizada

INTRODUÇÃO

Após parecer favorável do Conselho Presbiteral último, a Comissão Sinodal e o SCAP propõem que não nos dispersemos com muitas coisas ou ideias, antes nos concentremos na temática e trabalhos sinodais, ao mesmo tempo que procuraremos delinear os caminhos de uma verdadeira iniciação cristã, convictos de que, deste modo, será possível “crescer na fé e na prática da caridade organizada”. Ao longo do ano pastoral pouco ou nada conseguiremos se não procurarmos aprofundar a nossa própria vida de fé para poder comunicá-la mais eficazmente. Nesta perspectiva, o recente Ano da Fé foi um “convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo». Porém, “a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria.» Mais do que ter muita fé, importa nela crescer, na medida em que se procura conhecer melhor os seus conteúdos, de modo a aderir a eles com maior convicção, amor e confiança, mantendo-a viva pela prática da caridade.
O Plano Pastoral, embora pareça demasiado simples, torna-se exigente na sua execução, ou até mesmo impossível, se faltar a audácia da fé para renunciar a determinados hábitos e critérios pastorais, em favor de novos caminhos ou experiências que será necessário fazer, tendo em conta a nova realidade e a experiência da Igreja, já refletida não apenas no Direito Canónico mas também nos Preliminares dos próprios Rituais. A meu ver, como “fazer cristãos” e “construir as comunidades cristãs, constitui o cerne da Iniciação Cristã.
Sabemos que já existem normas Diocesanas em vigor. Agora, é tempo de refletirmos, com base na experiência, sobre as dificuldades encontradas e, se for indispensável, propormos as respetivas alterações, na fé e procura da verdadeira comunhão eclesial. As notícias que por vezes nos chegam de práticas pastorais facilitistas ou simpáticas, não nos roubam a responsabilidade de lermos atentamente o que está estabelecido, com amor à verdade e procura do que se impõe fazer em favor da Iniciação Cristã.

PROJECTO OU PLANO PASTORAL PAROQUIAL


Na acção pastoral, para não cairmos na improvisação rotineira, torna-se necessário parar para reflectir e escrever os objectivos e as acções que dão coerência ao muito que temos a realizar.
Em primeiro lugar á necessário convencermo-nos da necessidade de um Projecto ou Plano Pastoral Paroquial para que possamos ver o horizonte eclesial para o qual caminhamos. Ao planificarmos, procuramos juntos, à luz da Palavra de Deus e com a ajuda do Espírito, as necessidades apontadas pelo Senhor, através dos desafios da realidade das nossas Paróquias.
Em segundo lugar, quando programamos, pensamos no futuro imediato e decidimos antecipadamente o que deve ser realizado. Numa boa programação, temos em conta as nossas possibilidades e adaptamo-nos ao dinamismo da vida, dos acontecimentos e necessidades sentidas pela comunidade, tendo em conta a realidade que nos circunda (Paróquia, Arciprestado e Diocese), os apelos que recebemos do Evangelho e da própria Igreja diocesana.

LINHAS PASTORAIS DIOCESANAS


1 - Prestar particular atenção ao percurso batismal dos jovens e adultos. 
Definir e realizar um projeto de dois anos a ser seguido obrigatoriamente por todos os que se preparam para o batismo, em itinerário catecumenal. Fazer a avaliação de cada batizando ao longo do tempo. O projeto pode ser realizado em cada paróquia ou interparoquial. Caberá ao SCAP e ao Secretariado de liturgia, preparar o projeto, contando com o contributo dos diferentes agentes pastorais.
2 - Prestar particular atenção ao percurso para o sacramento da Confirmação. Definir e realizar um projeto de dois anos a ser seguido obrigatoriamente por todos os que se preparam para o Crisma, em itinerário catecumenal. Fazer a avaliação de cada crismando ao longo do tempo. O projeto pode ser realizado em cada paróquia ou interparoquial. Caberá ao SCAP e ao Secretariado de liturgia, preparar o projeto, contando com o contributo dos diferentes agentes pastorais.

3 - Dar particular relevo às primeiras Comunhões, fazendo um percurso catequético relevante com as crianças, em itinerário catecumenal e fomentando a comunhão eucarística continuada.

4 - Criar, em cada paróquia, um grupo de acólitos, desenvolvendo com eles um projeto sistemático de formação e ação.

5 - Criar ou aumentar em cada paróquia os grupos de trabalho sinodal, envolvendo-os na prática da caridade organizada nas suas paróquias. 












PRÁTICA DOMINICAL NA DIOCESE DE BEJA

1. Posicionamento Religioso nos Censos Gerais da População 

Nesta Diocese, descristianizada ou precariamente evangelizada, a população Católica, constituída pelos baptizados na Igreja Católica e que não renegaram da sua fé, inclui certamente não apenas os de prática dominical regular e irregular – por ocasião dos actos sociais – mas também os que se declaram estatisticamente católicos, porém de prática nula ou quase nula. Nos últimos doze anos aumentaram não apenas os que seguem outras religiões, (de dois para três por cento) como também os sem religião (16,12 %), em 2011. 
Nos Recenseamentos Gerais da População de 1981,1991, 2001 e 2011, Beja é uma Diocese com elevada percentagem de população maior de quinze anos que não responde sobre a religião a que pertence (41,7 %, 34,7 %, 17,6% e 13,32%) revelador da tendência a privatizar a religião. No entanto, é de salientar a diminuição progressiva e significativa, de 41,7 %, em 1985, para 17,6%, em 2011. Dos que responderam, no Baixo Alentejo, diziam-se católicos 81,92 % e, no Alentejo Litoral, 77,03%. Em 2011, dos que se declararam sem religião, os índices mais elevados, encontramo-los no Alentejo Litoral (15,50%) e os mais baixos no Baixo Alentejo (12,79%). Com base nos declarantes, de sublinhar, em 2011, o aumento da expressão dos Ortodoxos e Protestantes (1,77 %), comparativamente a Censos anteriores (0,84 % em 1991 e 0,66% em 2001) que conjuntamente, ainda têm um índice inferior a outras Confissões Cristãs (1,78%). Em números ainda bastante inferiores a Religião Judaica (0,03 %), a Muçulmana (0,12 %) e outras religiões não cristãs (0,35 %). 

2. Prática Dominical

Estamos perante a Diocese portuguesa com menor índice de prática Dominical. Tendo revelado uma tendência para a estabilização da percentagem entre 1985 e 2001, depois de um aumento progressivo desde 1977, verificou-se uma desaceleração do crescimento da prática Dominical já em 1991 e, na década que se seguiu, (1991-2001), nada nos permite afirmar que possa ter havido quaisquer aumentos reais no índice da prática Dominical. 
Nos totais e acima da média Diocesana (5,09 %) encontramos os Arciprestados de Beja (com 5,71 %), Cuba (com 6,02 %) e Moura (com 6,79 %). Fazendo a leitura dos índices por Concelhos, e por ordem alfabética, igual ou acima da média Diocesana, os Concelhos de Almodôvar (6,05 %), Alvito (10,85 %), Barrancos (6,71 %), Beja (5,71 %), Cuba (6,62 %), Mértola (5,45 %), Moura (6,97 %), Ourique (6,86 %), Serpa (6,63 %) e Vidigueira (5,85 %). Com menor prática Dominical os Concelhos de Castro Verde (3,18 %), Santiago do Cacém (3,31 %), Sines (3,49 %), Ferreira do Alentejo (4,30 %), Aljustrel (4,43 %), Odemira (4,54 %) e Grândola (4,71 %).
Discriminando por sexos, encontramos em todos os escalões etários, uma prática Dominical mais elevada nas mulheres do que nos homens, sendo o Arciprestado de Moura, com 10,84 % nas mulheres, e o de Beja, com 2,84 % nos homens os que apresentam os índices mais elevados. 
Considerando as idades, encontramos os índices mais elevados nas crianças em idade de catequese (entre os 7 e os 14 anos, com 10,26 %), com quebra acentuada a partir dos quinze anos (2,82 %, dos 15 aos 24 anos; 2 %, dos 25 aos 39 anos; 3,27 %, dos 40 aos 54 anos e 5,48 %, dos 55 aos 69 anos), sendo registado um aumento da prática dominical na população com setenta e mais anos de idade (8,5 %, em 2001 e 11,35 %, em 2013). O desajustamento da prática pastoral atinge a infância e adolescência (7 – 14 anos) sobretudo nos Concelhos de Grândola (4,24%), Castro Verde (4,87 %) e Sines (5,42 %). Este desajustamento, ao nível da Diocese, acentua-se ainda mais nas idades entre os quinze e vinte e quatro anos, (2,82%) bem como entre os vinte e cinco e trinta e nove anos (2%) A fase etária dos 7 aos 14 anos, representa 15,84 % nas Assembleias Dominicais Diocesanas, baixando drasticamente entre os quinze e vinte e quatro anos (5,18%), para continuar a subir a partir dos quarenta anos e atingir a sua máxima expressão na população com setenta e mais anos de idade (29,83%). A partir de 1985 verificamos uma quebra na percentagem do sexo feminino (15-24 anos) dentro do grupo dos jovens praticantes (em 1977, 76 %; em 1985, 77 %; em 1991, 73 %; em 2001, 71 %, em 2013, 68,14%). 
Os dados do RPD, realizado em Novembro de 2013, permitem concluir que aproximadamente 97,88 % das populações juvenis residentes (15-24 anos) não frequentam a missa ao Domingo, poucos terão feito a Primeira Comunhão e, em percentagem bastante inferior a recepção do Sacramento do Crisma, a atestar pela comparação da população residente com as celebrações das Confirmações. Apesar do aumento significativo da celebração deste Sacramento, principalmente a partir de 2009, verifica-se a presença de menos jovens nas assembleias dominicais (2,82%, entre os 15 e 24 anos e 2%, dos 25 aos 39 anos de idade.
O número de Comunhões entre os participantes nas celebrações Dominicais é elevado, uma vez que comungam aproximadamente 58,92 %. A nível Diocesano, o índice mais elevado de comungantes (71,40 %) encontramo-lo na idade entre os 15 e 24 anos e, nas percentagens de comungantes homens e mulheres, as maiores diferenças verificam-se nas idades dos 55 aos 69 anos (com 60,19 % nas mulheres e 51,63 % nos homens) e com setenta e mais anos de idade, (com 51,44 % nos homens e 63,88 % nas mulheres).


António Novais Pereira